terça-feira, 16 de setembro de 2014

SETOR DE IMÓVEIS GERA APREENSÃO


Dizem os especialistas que jamais haverá, no Brasil, crise imobiliária como se registrou nos Estados Unidos, por uma razão básica: lá, um cidadão compra um imóvel de US$ 100 mil, para pagar em 20 anos. Se, no meio do caminho, a propriedade se valoriza, o banco oferece ao comprador um crédito sobre o imóvel, de US$ 150 mil ou mais. Já no Brasil, nenhum banco faz financiamento imobiliário sem que o interessado dê uma entrada, o que significa comprometimento. Além disso, a prática de se tomar dinheiro com base no imóvel praticamente não é usada.

No entanto, após a enorme valorização dos últimos anos, o setor merece atenção especial. O Sindicato da Habitação (Secovi-SP) informa que, em julho último, houve queda de 31,3% no volume de imóveis novos, em relação a junho, e de 56% em comparação com igual mês do ano passado. O mesmo se espalha por todo o Brasil, com redução na venda de imóveis novos, queda no valor dos aluguéis e desvalorização de imóveis usados.

No Rio, um mercado muito especial, por conta de Copa do Mundo e Olimpíadas, e ainda porque a zona mais nobre, que é a parte costeira da Zona Sul, está com oferta saturada e demanda crescente, um especialista afirma que, este ano, houve uma quebra na valorização dos imóveis, tanto para venda como para aluguel. Com isso, o mercado de aluguéis, com preços 20% inferiores, voltou a esquentar. Já para venda, há uma queda de braço; os vendedores que podem tentam manter os preços antigos, e os que precisam do dinheiro vivo estão sendo levados a reduzir os valores cobrados.

Outra ponta do problema se dá no desempenho das empresas. Segundo o Relatório Reservado, a João Fortes Engenharia teve prejuízo de R$ 62 milhões no primeiro semestre do ano. A publicação cita que, nos últimos cinco anos, a empresa teve ganho acumulado de R$ 300 milhões. Em dois anos, diante de passivo de R$ 1,5 bilhão, a relação dívida/patrimônio passou de 1,32 para 1,86. A publicação informa que o proprietário, Antonio José Carneiro, tende a reduzir seu banco de terrenos em aproximadamente 10% – hoje, estas propriedades somam confortáveis R$ 3,5 bilhões. Segundo o RR, “as perspectivas para a oferta de crédito ao setor em 2015 não são nada auspiciosas”.

Segundo a consultoria Empiricus, 56% dos investidores com mais de 35 anos têm pelo menos um imóvel, além da casa própria. Segundo esses analistas, isso conjuga valorização do capital investido com renda mensal, visando à aposentadoria. Cita ainda que o investimento em imóveis tem razões históricas para agradar aos brasileiros, derivada dos portugueses. Empiricus afirma que investir em fundos imobiliários, a partir de apenas R$ 5 mil, continua a ser uma boa opção. Em fase de conturbadas eleições e com o Produto Interno Bruto (PIB) praticamente estagnado, nenhum setor está a salvo. Mas a área imobiliária merece uma atenção especial, diante da exagerada valorização nos anos recentes.

Fonte: Sergio Barreto Mota / Monitor Digital

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