sábado, 17 de dezembro de 2011

ESPECIALISTAS DESCARTAM POSSIBILIDADE DE BOLHA NO MERCADO IMOBILIÁRIO NACIONAL

Tema de constante debate, a possibilidade de formação de uma bolha no setor imobiliário nacional é descartada por especialistas, de acordo com matéria publicada nesta quinta-feira pelo jornal 'Brasil Econômico'.

O texto cita a conclusão de um estudo realizado pela MB Associados para a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), segundo o qual o Brasil ainda estaria numa fase em que a demanda parece ser a razão da evolução dos preços no mercado imobiliário.

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Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia

De acordo com os dados apresentados no estudo, a estabilidade econômica do país foi essencial para a evolução observada nos últimos seis anos na construção civil brasileira como um todo, especialmente o segmento da habitação, após cerca de 20 anos de estagnação que depreciou os preços no setor imobiliário.

No ano de 2003, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil chegou a registrar retração de 5,5%. Em 2010, o foi de crescimento de 11,5%, e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) estima que o PIB do setor deve crescer 4,8% neste ano e em 2012.

"Hoje os preços do mercado imobiliário estão onde deveriam estar, não se trata de bolha. E como tendência vemos continuidade na alta, mas agora o ritmo de crescimento é outro, mais vegetativo", avalia o vice-presidente da Cbic, José Carlos Martins, ao afirmar que o aquecimento econômico e a melhora no crédito e na renda trouxeram oportunidades de recuperação de preços.

O presidente do sindicato da habitação do estado de São Paulo (Secovi-SP), João Crestana, tem opinião semelhante. "São Paulo recuperou preços em relação aos anos 90 e hoje está no mesmo patamar de cidades como Toronto, Barcelona e Lisboa. Claro que temos exceções de preços fora da curva, como um apartamento na Vieira Souto, no Rio, mas na média o que houve foi recomposição de preços", diz Crestana.

Déficit habitacional

A análise do déficit habitacional brasileiro também depõe contra a existência de bolha imobiliária no mercado nacional, segundo a matéria do 'Brasil Econômico'. As estimativas estão em torno de 6 milhões de unidades, das quais 90% estão concentrados em famílias com até cinco salários mínimos.

"Para o déficit não aumentar o Brasil precisa produzir em média 1,5 milhão de unidades/ano e isso vem acontecendo. Hoje, inclusive,como programa 'Minha Casa, Minha Vida' já é possível vislumbrar o déficit diminuindo", diz o diretor da securitizadora Novasec, José Pereira Gonçalves.

Já para o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Octavio de Lazari Junior, o comprometimento de no máximo 30% da renda dos brasileiros em financiamentos imobiliários, aliado à baixa inadimplência - em torno de 2% para casos de mais de três prestações em atraso - é mais um argumento. "Além disso, o valor médio dos financiamentos é de 62% em relação ao valor do imóvel - é muito difícil você deixar de pagar a dívida", destaca.

Especialistas ressaltam que, nos Estados Unidos, onde o setor imobiliário foi o estopim que veio a desencadear a crise econômica mundial em 2008, é possível financiar 120% do valor do imóvel, e o crédito hipotecário, com imóvel como garantia, pode ser usado para qualquer tipo de consumo, enquanto no Brasil o cidadão faz financiamento imobiliário especificamente para comprar uma casa.

"Enquanto o mercado estava se valorizando não havia problema, mas quando veio a crise do subprime e os preços começaram a cair as garantias das hipotecas começaram a derreter", explica Gonçalves, em referência à situação norte-americana.

Fonte: O DIA online

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