domingo, 23 de novembro de 2014

POR FALTA DE CRÉDITO, IMÓVEIS RETORNAM ÀS CONSTRUTORAS


O cancelamento de vendas e o aumento dos estoques de imóveis novos voltaram a afetar as empresas de construção civil, conforme mostraram os balanços referentes às operações do terceiro trimestre. O cenário confirma o desaquecimento do mercado imobiliário já percebido nos meses anteriores e adiciona cautela para o lançamento de novos projetos daqui em diante.

Entre julho e setembro, os distratos de vendas atingiram R$ 1,35 bilhão, segundo levantamento com todas as seis companhias listadas que informam esse dado: Rossi Residencial (R$ 311,9 milhões), MRV Engenharia (R$ 311,7 milhões), Gafisa, incluindo a Tenda (R$ 297 milhões), Brookfield Incorporações (R$ 212,4 milhões), Tecnisa (R$ 117,0 milhões) e PDG Realty (R$ 102,0 milhões). O montante é 12,9% menor do que o apurado pelas empresas entre abril e junho, mas continua sendo um patamar preocupante.

“No geral, o resultado operacional foi mais fraco no trimestre. A desaceleração nas vendas foi mais forte no segmento de alto e média renda. Estamos vendo um período de estoques altos e com tendência de menos lançamentos”, avaliou Eduardo Silveira, analista de construção civil do Besi Securities/Grupo Novo Banco. “E os distratos estão altos. Percebemos que as empresas têm que vender duas ou três vezes o mesmo imóvel”, observou.

As rescisões elevadas são reflexo do grande volume de obras em fase final. Na véspera da entrega da obra, o cliente é repassado para o banco, onde assumirá financiamento para quitar a maior parte do imóvel adquirido na planta. No entanto, o repasse vem sendo abortado. Muitos clientes não conseguem o empréstimo porque suas finanças pessoais pioraram desde que o negócio foi feito, muitas vezes, anos antes, ou porque os bancos ficaram mais rigorosos na avaliação de crédito neste período.

O resultado é a volta do imóvel para o estoque da incorporadora. “Nós vemos que o foco das empresas de construção tem sido diminuir os estoques”, afirma o analista do Banco do Brasil, Daniel Cobucci, apontando que há estratégias diferentes para isso. “As mais endividadas lidam com descontos, abrindo mão de um pouco da margem de lucratividade em troca de ganho mais rápido de caixa. Outras empresas menos endividadas estão mais conservadoras, sem adotar essa política agressiva de descontos”, explica.

Fonte: Jornal O TEMPO

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