A venda de casas em Portugal está a recuperar e os arrendamentos estão a cair, devido principalmente à maior abertura dos bancos na concessão de crédito e ao regime especial de fiscalidade para estrangeiros, afirmam as agências imobiliárias.
Desde o início deste ano e até ao final de outubro, venderam-se 16.200 imóveis na Remax, o que significou um aumento de 26% destas transações face ao mesmo período do ano passado, indicou à Lusa a diretora-geral da agência imobiliária, Beatriz Rubio. Em contrapartida, o número de arrendamentos desceu 13%, para um total de 15.700.
“Já estamos a vender mais do que a arrendar e esta é uma tendência que se reforça cada vez mais”, confirmou a mesma responsável, lembrando que o número de vendas e de arrendamentos chegou a ser semelhante durante o ano passado.
Além da maior abertura dos bancos, que “pouco a pouco vão concedendo mais crédito”, Beatriz Rubio considera que a criação do regime fiscal dos não residentes habituais tem vindo a ter um impacto positivo no setor. “Esta foi uma medida muito boa. Favorece a vinda de reformados de outros países para Portugal, que é um país quente e atrai pessoas da Suécia e mesmo do Norte de França, que têm um bom poder de aquisição”, notou a diretora geral da Remax.
Beatriz Rubio ressalvou também que os estrangeiros que vêm para Portugal devido às vantagens do regime fiscal arrendam casa durante o primeiro ano de estadia no país. “Só se as medidas atuais se mantêm depois desse espaço de tempo e se eles sentem que o regime é para continuar, é que temos a certeza de que acabam por comprar casa”, avisou.
Em causa está o regime fiscal para residentes não habituais, criado em 2009, que no caso dos pensionistas estrangeiros que adquirem aquele estatuto isenta de tributação em Portugal as reformas recebidas no país de origem. O mesmo regime determina ainda impostos menos pesados para engenheiros, médicos e outras profissões, desde que sejam estrangeiros que venham morar para Portugal.
Miguel Poisson, diretor-geral da ERA Portugal, partilha a opinião favorável de Beatriz Rubio sobre o regime fiscal especial. “Tem um potencial enorme. Por exemplo, um reformado francês, desde que passe mais de metade do ano em Portugal, fica isento de impostos sobre as pensões. E está a atrair muitos advogados estrangeiros e outras profissões intelectuais”, afirmou este responsável à Lusa.
Contas feitas, até ao final de outubro deste ano as vendas representaram 72% das 8.800 transações realizadas através da ERA Portugal, enquanto os arrendamentos tiveram um peso de 28%. Mas no final de 2013, de acordo com Miguel Poisson, a importância dos arrendamentos era maior e estes representavam 34% do total.
“De 2012 para 2013, os arrendamentos estagnaram e agora estão a decrescer. Com esta tendência a manter-se, esperamos fechar este ano com as vendas a pesarem três quartos nas transações e os arrendamentos apenas um quarto”, indicou o mesmo responsável.
O director-geral da ERA Portugal assume que os arrendamentos só cresceram, em anos anteriores, “porque as pessoas não tinham alternativas, uma vez que os bancos não concediam crédito. “A compra de casa é uma questão cultural no Sul da Europa, pois à medida que a economia vai recuperando um pouco tende a crescer a aquisição de imóveis”, sublinha.
A actual tendência no mercado imobiliário português também se faz sentir na Century 21 Portugal, adianta por seu turno Ricardo Sousa, administrador da agência imobiliária. Entre janeiro e setembro deste ano, deu-se um aumento de 20% nas vendas face ao mesmo período do ano passado, para 4.058 transações, enquanto os arrendamentos desceram 30%, para um total de 3.252.
Ricardo Sousa acredita também que, em Portugal, “continua a existir e a prevalecer uma sólida cultura de proprietário”, pelo que tudo aponta para que os tempos mais próximos sejam marcados pela “compra, como primeira opção”.
No entender deste responsável, para a atual tendência contribuem “claramente” três fatores, nomeadamente “uma maior abertura da banca em matéria de concessão de crédito à habitação”, o crescimento da “procura internacional” e ainda “um aumento significativo da confiança, no mercado residencial português”.
As próprias agências imobiliárias estão a sentir-se mais confiantes com o negócio. Beatriz Rubio, diretora-geral da Remax Portugal, afirma que “apesar da crise, o ano de 2014 está a ser o melhor ano de sempre” para a agência.
“Podemos dizer, com segurança, que o pior já passou”, garante por seu turno o diretor-geral da ERA Portugal, Miguel Poisson. No mês de setembro, a agência registou um aumento de 35% na faturação, naquele que “foi o melhor mês e o melhor trimestre desde março de 2011″
Fonte: Jornal de Negócios
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