quarta-feira, 2 de agosto de 2017

JUROS X MERCADO IMOBILIÁRIO


Depois de quatro anos, voltamos a ter a taxa básica de juros em um dígito, e melhor, diferente do que aconteceu em 2013 a menor taxa é natural e sem pressão política. Pelo contrário, existe até mesmo um excesso de conservadorismo na política de juros do Banco Central, pois com a inflação abaixo da meta e com vários indicadores, até mesmo de deflação, possibilitaria uma queda ainda mais forte dos juros básicos no Brasil.

Ainda não percebemos a diminuição das taxas para empréstimos e financiamentos para as pessoas e empresas, usualmente o efeito é mais imediato nos ciclos de elevação do que no período de queda, conceito válido para toda a economia.

Os financiamentos imobiliários, também, ainda não tiveram a queda, exceto o Banco Santander que iniciou a diminuição. No entanto, essa queda poderia ter sido iniciada pela Caixa Econômica Federal, pois, por deter aproximadamente 2/3 do mercado, dita as regras e sempre elevou as taxas de financiamento nos momentos de elevação dos juros.

Mas, por outro lado, a poupança, que ao lado do FTGS são as principais fontes de recursos para o financiamento imobiliário, viveu nos últimos anos períodos de saques maiores do que os de depósitos. Entretanto, desde maio inverteu a sequência e passou a captar mais por voltar a ser mais atrativa em alguns casos.

Com a necessidade legal de uso do saldo para financiar imóveis, é natural que os bancos diminuam as restrições de financiamento e as taxas cobradas, também invertendo um processo que, naturalmente, se inicia em períodos de aumento dos juros.

Para aquelas empresas ou famílias capitalizadas, que aplicavam seus recursos nos bancos com taxas atreladas ao CDI, que chegou a 14,25% ao ano (a.a.), hoje têm como taxa básica 9,25% a.a. e com tendência forte de continuar em queda, podendo atingir no final do ano, segundo alguns analistas, aproximadamente 7% a.a.

O impacto e a relação no mercado imobiliário é direto e positivo. Com preços estáveis, nos últimos dois ou três anos, a atratividade dos imóveis tem crescido ainda mais nas últimas semanas. Os compradores capitalizados e aqueles que conhecem o impacto na taxa de juros, nos ativos reais, estão buscando nos imóveis uma forma de aplicar e valorizar seu patrimônio.

Os preços dos imóveis no Brasil têm variações cíclicas e positivas, pois nosso país tem ainda grande déficit habitacional e uma demanda crescente por imóveis nos próximos anos. A queda da atividade econômica possibilita, em momento de recuperação, um aumento mais lento, mas também positivo dos imóveis comerciais e industriais.

A aprovação da emenda constitucional que limita os gastos públicos, da lei que regulamenta a terceirização, da lei que instituiu a reforma trabalhista e em breve da reforma da previdência trazem um cenário de melhora contínua do ambiente econômico.

Embora ainda alta, a taxa de juros, quando comparada ao restante do mundo, para os padrões históricos nacionais temos uma diminuição do interesse pelo mercado financeiro e um aumento na busca de ativos reais, como são os imóveis.

É o início do processo, e os imóveis ainda continuam com preços estáveis, mas por ser um mercado de longo prazo, estamos nos aproximando do final deste ciclo e em breve iniciando um novo período de recuperação econômica e também de preços.

O momento ainda permite boas negociações e oportunidades tanto para aqueles que buscam seu primeiro imóvel quanto para os capitalizados, com recursos financeiros rendendo menos no sistema financeiro, pois, ainda em fase de recuperação, o mercado imobiliário tem menos compradores do que vendedores. 

Flavio Amary - Presidente do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP) e reitor da Universidade Secovi.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

Nenhum comentário:

Postar um comentário