sexta-feira, 23 de outubro de 2015

MUNDO: FINANCIAMENTO MAIS FÁCIL TRARÁ DE VOLTA FRENESI DO MERCADO RESIDENCIAL DE LONDRES


O breve respiro observado no precipitado mercado imobiliário residencial de Londres depois que os reguladores impuseram critérios de financiamento mais rigorosos no ano passado está acabando.

Os custos hipotecários mais baixos e a escassez de casas estão atiçando a especulação de que os valores na capital do Reino Unido vão disparar novamente. Além disso, os credores estão aliviando as condições de financiamento, e as taxas de endividamento estão subindo pela primeira vez em um ano durante o terceiro trimestre, de acordo com o Banco da Inglaterra. Os corretores então estão elevando as projeções de preços para as residências em Londres, que custam em média 522.000 libras (US$ 808.000).

Essa reviravolta põe em risco as iniciativas tomadas pelas autoridades do banco central em outubro do ano passado, quando, a fim de evitar uma bolha estimulada pelo financiamento no mercado imobiliário residencial, limitou-se o quanto as pessoas podem tomar emprestado com base no salário delas. A taxa anual de aumento dos preços de casas na capital desacelerou de 17,4 por cento há um ano para 4,2 por cento em agosto, mostram dados do governo. As vendas de residências caíram 14,3 por cento no período, de acordo com a empresa de pesquisa Londres.

"Os limites de empréstimo com base no salário, e as práticas mais estritas de financiamento hipotecário em geral, tornaram muito mais difícil para as pessoas obter acesso às hipotecas", disse Peter Dixon, economista internacional do Commerzbank AG em Londres. "No entanto, para esfriar um mercado no longo prazo é preciso colocar outras medidas em jogo, como aumentar os juros ou construir mais casas".

Maior ameaça

O presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, disse que a moradia era a maior ameaça à economia quando ele restringiu os empréstimos mais arriscados ao requerer que no máximo 15 por cento das novas hipotecas possam exceder uma proporção empréstimo-renda de 4,5 vezes. A Financial Conduct Authority (autoridade de conduta financeira inglesa) já exigia em abril de 2014 que os compradores provassem que teriam condições de fazer os pagamentos da hipoteca mesmo se as taxas de juros aumentassem.

Os limites impostos pelos reguladores não bastaram para esfriar os preços de modo permanente, pois investidores estrangeiros ricos continuam comprando e competindo com os moradores locais no mercado, que não tem imóveis suficientes disponíveis, de acordo com Jeremy Cook, economista-chefe da empresa de câmbio World First U.K. Ltd., com sede em Londres.

Mais de 80 por cento dos londrinos acham que os preços das casas estão caros demais e acreditam que eles ainda vão aumentar, de acordo com uma pesquisa da ING Groep NV. O coeficiente do preço médio em relação à renda agora equivale a 12 vezes, um recorde e mais que o dobro do nível registrado em Birmingham, a segunda cidade do Reino Unido, disse a empresa de pesquisa Hometrack.

Falta de oferta

A falta de oferta é o principal motivo que levou o londrino John Cook, 40, a decidir comprar uma casa de quatro quartos em Streatham Hill. "O governo atual não vai mudar de modo significativo as regras do jogo em relação à oferta de casas", disse ele.

Os custos mais baixos para tomar empréstimos também estão tornando o cenário mais atraente para a compra. As taxas de hipoteca no Reino Unido caíram para 3,17 por cento em toda a dívida pendente no segundo trimestre, o valor mais baixo desde pelo menos 2007, e os avanços líquidos subiram mais de 10 por cento em relação ao ano anterior, para 9,9 bilhões de libras.

As vendas de residências aumentaram em agosto pela primeira vez desde abril de 2014, de acordo com uma pesquisa feita pela Royal Institution of Chartered Surveyors. A corretora Broker Hamptons International elevou no mês passado a projeção para o preço das casas em Londres neste ano de 1,5 por cento para 6 por cento.

O aumento nas vendas e nos empréstimos hipotecários é "saudável" e não se traduz diretamente em uma disparada dos preços das casas, que já estão altos demais, de acordo com Ed Stansfield, economista da Capital Economics em Londres.

"Seria preocupante se estivéssemos vendo novamente padrões mais laxos de financiamento, o que resultaria em mais medidas das autoridades", disse Stansfield.

Fonte: Sharon Smyth e Neil Callanan / Bloomberger

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