quarta-feira, 4 de março de 2015

BAHIA: SALVADOR COM MENOS LANÇAMENTOS DE IMÓVEIS


O cenário da construção civil na Bahia está atravessando um momento difícil, quando o campo de trabalho são os lançamentos de imóveis em sua capital. Na manhã de ontem, 3, a Associação de Dirigentes do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), divulgou os dados sobre o mercado imobiliário no estado, onde foi constatado uma queda de 13% das unidades lançadas em Salvador.

De acordo com a pesquisa, foram lançadas 2.092 unidades imobiliárias na cidade, em 2014 – percentual menor do que os anos de 2013 (2.410) e 2012 (2.306). O número também coloca a capital no patamar de 2003, quando a Ademi registrou o mesmo montante de unidades lançadas. Um fator alarmante, segundo a associação, já que, naquela época não havia mecanismos financeiros que facilitavam a aquisição de imóveis, a exemplo do crédito imobiliário.

De acordo com o presidente da Ademi, Luciano Muricy, entre os fatores que influenciaram para a oferta menor de empreendimentos no mercado – e no baixo número de lançamentos – está o aumento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Urbana (IPTU), além de sua judicialização, no ano passado, assim como a inconstitucionalidade do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), e da Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo (Louos), em 2013

Patamar

“As vendas estiveram em um patamar satisfatório, mas houve queda abrupta nos lançamentos. Isso é reflexo de um cenário econômico adverso que a gente enfrenta. Esperamos que este ano, a gente reverta esse quadro de lançamentos em Salvador. A cidade vem perdendo o poder, frente a outros mercados. Alguns empresários estão saindo de Salvador e investindo em outros municípios, a exemplo de Lauro de Freitas, e Feira de Santana, e outros locais onde não há insegurança jurídica”, avaliou Muricy.

Esta é a primeira vez que a Salvador registra uma queda de lançamentos imobiliários, desde quando a pesquisa começou a ser realizada, em 1999. Por esta mesma razão, os empresários do setor também esperam um primeiro semestre de 2015 com dificuldades, com a redução dos postos de trabalho, que chegam a cinco mil vagas a menos, na capital. “Os lançamentos de 2014 foram menores do que as vendas, o que significa dizer que obras vão acabar sem que outras se iniciem, o que leva, fatalmente, as diminuições dos postos de trabalho”, explicou o presidente da Ademi.

Vende-se mais imóvel com dois quartos

No ano passado, 56% dos lançamentos e mais da metade das unidades vendidas, custaram entre R$ 100.000 a 150.000, e se localizavam em bairros mais populares, como São Cristóvão, Jardim das Margaridas, Itapuã, e Mussurunga. “Um dos fatores de trava desses produtos, é a outorga onerosa, e esses empreendimentos não precisam da outorga, pois ficam em áreas mais periféricas, e com um terreno muito grande, possibilitando que essas unidades sejam construídas com um gabarito menor, ou seja, com menos andares. Essa premissa faz com que esses produtos usem só o Coeficiente de Aproveitamento Básico, e agora representem uma fatia maior do que os demais produtos”, explicou o diretor de marketing da Ademi, José Azevedo Filho.

Esta, segundo ele, é uma mudança repentina no setor, que passou a vender mais imóveis de 2 quartos, assim como também, foi esse fator que possibilitou ao mercado, na Bahia, conseguir fechar as contas de 2014 com equilíbrio, pois a oferta de lançamentos, de 7.763 unidades ficou próxima das 7.345 vendidas nas cidades pesquisadas. Mesmo assim, o montante está abaixo da média anual dos lançamentos da Ademi, que segundo o diretor de marketing, estaria entre 9 a 10 mil unidades.

A mesma pesquisa apontou um crescimento de 22% de unidades lançadas no mercado, nas cidades de Feira de Santana, Lauro de Freitas e Camaçari. Ao todo foram 4.060 lançamentos em 2014, contra os 3.327 em 2013. Um percentual que indica a migração das construtoras para regiões menos exploradas, e que passam maior confiança de investimento.

Estimativas para o setor

Para o ano de 2015, os empresários agora têm esperanças que a Câmara de Vereadores possa votar o novo PDDU e a LOUOS, assim como o projeto que altera o cálculo da outorga onerosa – uma ferramenta tributária para a construção de imóveis diferente dos parâmetros básicos do Plano Diretor. A aprovação dos projetos, segundo Luciano Murici, traria maior confiança dos investidores, o que levaria a crescimento do número de lançamentos, e, consequentemente, mais vagas de emprego no setor imobiliário, aumentando os postos de trabalho.

Embora Salvador esteja aquém das outras grandes capitais brasileiras, a associação estima que, se os projetos forem aprovados dentro do tempo esperado – que seria até junho deste ano –, a capital baiana poderia voltar a ter seu mercado aquecido dentro de dois anos. “O setor imobiliário é um mercado que precisa maturar, ele é um processo que vai desde a compra do terreno, até viabilizar esse empreendimento, lança-lo no mercado, e construí-lo. Mas é preciso que o empreendedor tenha confiança para poder investir”, apontou José Azevedo Filho.

Fonte: Matheus Fortes / Bahia Economia

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