sábado, 4 de junho de 2011

FINANCIAMENTO DE IMÓVEIS DEVE ENCARECER POR FUGA DA POUPANÇA


Os financiamentos imobiliários com recursos da poupança somaram R$ 22,166 bilhões nos quatro primeiros meses do ano, uma alta de 54,7% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Já a captação líquida da poupança, ou seja, a diferença entre os depósitos e desembolsos, estava negativo em R$ 714 milhões, uma queda de 0,24% na mesma base de comparação. Segundo a entidade, esse descompasso entre o crescimento da demanda e da disponibilidade irá esgotar em até três anos a fonte do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), levando os bancos a buscarem outros recursos para financiamento e, consequentemente, devendo aumentar o custo do crédito imobiliário.

Para o consultor de habitação da Caixa Econômica Federal Fernando Magesty, existe uma preocupação do mercado com a redução dos recursos da poupança, mas o cenário atual é fruto apenas de um fato isolado: a fuga da poupança.

"A demanda por financiamento sempre foi maior que a oferta. Mas quando a taxa básica de juros (Selic) está baixa, é natural que os investidores não tradicionais de poupança migrem para ela, dando maior robustez. Agora, com ciclo de alta de juros, acontece o efeito inverso. O investidor tradicional da poupança vai continuar na poupança como sempre esteve", afirma.

Apesar de não ter a isenção do Imposto de Renda como na poupança, as aplicações de renda fixa estão mais atrativas para o poupador, pois são remuneradas com base na Selic, atualmente em 12% ao ano - mais que a caderneta, que remunera em 6% ao ano mais Taxa Referencial (TR, atualmente muito próxima de zero).

Mesmo se a fonte secar em três anos, diz Magesty, existem mecanismos financeiros para sanar a situação, como a securitização, em que a instituição abriria mão de parte de seus ativos para oferecê-los como títulos comercializáveis. Na Caixa, segundo ele, isso ainda não é viável, por causa do alto custo desse financiamento. O banco já trabalha com captação mista de recursos para financiamento imobiliário, alternando caderneta de poupança e Letras de Crédito Imobiliário (LCI). O custo dessa captação pode encarecer o crédito em até 1,5% ao ano, de acordo com Magesty.

No entanto, o consultor da Caixa acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá baixar a taxa Selic após controlar o cenário atual de inflação, o que levará boa parte dos investidores a voltarem para a poupança.

Segundo Fernando Baumeier, superintendente de negócios imobiliários do Santander, a captação líquida da poupança no banco vem crescendo 15% e 20% no ano, enquanto o crédito avança 50%.

"Com o funding para crédito acabando, os caminhos são a securitização e as emissões de LCI, que o Banco Central (BC), inclusive, já vem discutindo como alternativas", afirma. Na opinião dele, o aumento dos juros para o consumidor não deve ser expressivo, já que representará um ajuste momentâneo. "Não é nada que já não tenhamos visto historicamente".

Outra fonte de recursos para o crédito imobiliário, segundo Braumeier, é a modalidade de refinanciamento imobiliário por alienação fiduciária, pouco citado quando o assunto é o mercado de imóveis, de acordo com ele. Nesse tipo de financiamento, um proprietário dá como como garantia um imóvel já quitado em troca do empréstimo para comprar ou reformar outra residência.

A taxa de juros para contratar esse serviço gira em torno de 1% ao mês, mais correção pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que foi de 0,43% em maio. O empréstimo pode ser pago em até 30 anos e o financiamento não pode ser superior a 50% do valor de avaliação do imóvel.

Fonte: Jornal do Brasil

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