O mercado imobiliário brasileiro bateu recordes sucessivos nas vendas e os preços da habitação atingiram níveis exorbitantes nos últimos dois anos. No segundo semestre de 2011, os valores continuam em alta, só que em ritmo bem menor e o mercado já começa a apostar em estabilização. Diante desse cenário e do momento econômico brasileiro, compensa comprar ou vender um imóvel?
O mercado imobiliário é cíclico - uma hora sobe, outra estabiliza e depois cai. No entanto, a tendência para os próximos meses é que os preços se mantenham nos patamares atuais, ou seja, o mercado caminha para a estabilização, explica o diretor de estudos especiais da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), Luiz Paulo Pompéia. Por isso, o momento econômico privilegia a venda de imóveis, diz o especialista.
- Está na hora de vender imóveis porque a gente vende na alta e compra na baixa. Os imóveis estão lá em cima e, por isso, está na hora de vender, não de comprar.
O pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) Eduardo Zylberstein também analisa o comportamento do mercado imobiliário brasileiro. Ele prefere não arriscar se o momento é bom para comprar ou vender, mas afirma que os preços caminham para a estabilidade.
- Agosto foi o quarto mês seguido de desaceleração da alta nos preços, mas eles continuam subindo. Parecem estar convergindo para a estabilidade, mas ainda está em um ritmo forte. Pode ser um movimento típico dessa época do ano, o que pode ser um comportamento sazonal e, no futuro próximo, os preços podem retomar [aumentos expressivos]. Tem que aguardar mais um pouco.
Zylberstein é o coordenador do índice Fipezap, um termômetro que mede a variação de preços do metro quadrado em seis capitais brasileiras e no Distrito Federal. Em agosto, o preço médio do metro quadrado teve alta de 1,7% e atingiu a marca de R$ 5.824 no país.
Essa escalada dos preços das moradias no Brasil é natural, segundo os especialistas do mercado. Eles explicam que antes do aumento, praticamente até 2008, os preços das casas no país permaneceram estáveis. Esse movimento é consistente e, portanto, afasta qualquer possibilidade de bolha imobiliária, explica o economista da Fipe.
- Nos últimos meses, observamos que o ímpeto da alta deve continuar convergindo para um ritmo um pouco mais tranquilo. Há uma queda na quantidade dos imóveis negociados, o que é um comportamento normal porque quanto maior o preço, menor o número de negociações. Mas isso não quer dizer que há uma bolha.
- Não há risco de bolha nos moldes americano, espanhol ou português. Isso porque o crédito imobiliário no Brasil não chega a 5% do PIB [Produto Interno Bruto, que é a soma de riquezas do país], enquanto lá estava acima de 60% no caso do PIB americano. Veja que há uma diferença brutal. Nessa linha do que ocorreu no hemisfério norte, não acredito e não vejo nenhuma perspectiva para bolha.
Queda nos preços
A tendência é que os preços da habitação no Brasil fiquem como estão nos próximos dois anos, embora seja possível uma “quedinha” muito suave em alguns casos que tiveram altas expressivas de preço. Essa possível redução deve ocorrer entre imóveis maiores e de maior valor de mercado, cuja oferta deverá superar a procura, diz Pompéia.
- Há alguns segmentos em que os compradores já negociaram seu imóvel, sobretudo entre R$ 300 mil e R$ 1,5 milhão. Nessa faixa, a demanda é maior entre R$ 300 mil e R$ 800, mas começa a ficar preocupante entre R$ 800 mil e R$ 1,5 milhão porque ou vai sobrar [imóvel] ou tem muito investidor que comprou nessa faixa [na planta] e, quando ficar pronto, o imóvel vai concorrer com aquele que estiver sendo lançado. Isso pode reduzir um pouco esse valor.
Além do possível recuo dos preços, o ritmo das vendas ficará menor: a “farra” dos plantões de venda, que comercializavam um prédio inteiro em apenas um fim de semana, ficará cada vez mais difícil de encontrar nas grandes cidades, prevê o diretor da Embraesp.
- No fim das contas, vai ter uma oferta de imóveis maior que a que temos agora. Hoje é difícil de registrar, mas daqui a seis meses, vamos falar que a redução dos valores começou em setembro de 2011. Ainda é embrionário, mas aquelas vendas repentinas, em uma semana, não se observa mais. Esse espaço de tempo deve passar a ser no tempo normal, em cerca de seis meses.
Zylberstein afirma que os preços dos imóveis no país ainda estão em “um ponto aceitável”, mas “enquanto o mercado de trabalho estiver favorável e o crédito facilitado, a gente ainda tem muita demanda e, por consequência, os preços têm pressão para subir”.
Fonte: R7
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