O crédito imobiliário para pessoas jurídicas vai esperar um direcionamento sobre a lei dos distratos para voltar a crescer. O mercado, porém, já começa a sentir os reflexos do otimismo para 2019 e pode experimentar o melhor quarto trimestre desde 2015.
“A questão é que a magnitude do crescimento no crédito imobiliário para pessoas jurídicas vai depender da aprovação desse projeto”, diz o superintendente executivo de negócios imobiliários do Santander, Fabrizio Ianelli.
Apesar de ter sido aprovada pelo Senado no último dia 21, o projeto dos distratos imobiliários (PLC 68 de 2018) ainda deve tramitar novamente pela Câmara dos Deputados, que farão nova apreciação referentes às mudanças realizadas.
De acordo com os últimos dados do Banco Central (BC), por exemplo, apesar da melhora no total de empréstimos imobiliários, o crédito cedido às empresas ainda cai. Segundo a autoridade monetária, esses financiamentos corporativos atingiram R$ 677 milhões em outubro, um recuo de 2,4% ante o mesmo mês de 2017 (R$ 694 milhões).Para Ianelli, apesar de 2018 ter sido um ano de início de retomada, os resultados ainda estão “aquém do que poderia ter sido se o tema do distrato tivesse sido aprovado”.
“É um assunto extremamente importante para o setor de incorporação, trazendo mais confiança ao setor. Assim, o crédito imobiliário corporativo ainda depende dessa aprovação para gerar um novo ciclo de crescimento” afirma Ianelli.
Dentre as novas regras definidas pelo projeto para a desistência da compra de imóveis na planta, duas são mais esperadas. A primeira é a possibilidade de diminuir boa parte das despesas administrativas gastas com a judicialização dos distratos no modelo atual. Já a segunda norma, diz respeito à implantação de uma multa de 50% ao consumidor no caso de desistência da compra. O valor é um aumento de até 40 pontos percentuais (p.p) em relação ao retido atualmente pelas incorporadoras. As expectativas tanto à aprovação do projeto até o início do ano que vem e da consequente melhora dos financiamentos imobiliários em sua totalidade são bastante otimistas entre os especialistas.
Segundo o diretor executivo da Novi, Luiz Pedro Albornoz, a melhora no mercado já é sentida pelos players, com meses de outubro e novembro “melhores do que o normal”.
“O mercado teve o melhor outubro desde 2015 e tudo indica que o trimestre vai acompanhar esse movimento. Até mesmo dezembro, que sazonalmente tem um leve recuo na demanda, não tem nada indicando que os volumes vão diminuir”, comenta.
Dados divulgados ontem, pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) apontam que, em outubro, o montante de empréstimos imobiliários atingiu os R$ 5,66 bilhões, um aumento de 53,3% em relação a igual mês de 2017 (R$ 3,69 bilhões).Já segundo Albornoz, apesar de o ano já se mostrar positivo, ainda há espaço para melhora. “A inadimplência, por exemplo, apesar do melhor desempenho, ainda tem espaço para cair”, acrescenta o executivo.
Segundo o BC, por exemplo, enquanto a inadimplência dos consumidores teve queda de 0,4 p.p. em outubro frente a igual mês de 2017 (de 1,8% para 1,4%), as dívidas em atrasos das companhias subiram 2,7% em igual relação, de 4,8% para 7,5% na mesma comparação. As taxas de juros, por sua vez, tiveram quedas semelhantes. Enquanto a redução foi de 0,7 p.p. para 11% ao ano (a.a.), os juros para o consumidor caíram 0,8 p.p., para 7,8% a.a. O saldo de recursos disponíveis para pessoas jurídicas recuou 21,3%, de R$ 61,9 bilhões em outubro de 2017 para R$ 48,7 bilhões no mês passado.
Funding - Os especialistas reiteram, porém, que grande parte da expectativa também depende do desempenho da poupança.Ainda conforme as informações levantadas pela Abecip, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) voltou a ficar negativo em outubro em R$ 2,13 bilhões.
“Se a poupança tiver bons crescimentos, até as taxas de juros futuras terão reflexos positivos”, diz Ianelli, lembrando, porém, das boas perspectivas quanto a Letra Imobiliária Garantida (LIG), cuja primeira emissão do mercado foi realizada pelo próprio Santander, na semana passada.
“O processo ainda está no começo, mas não há dúvida de que todo o mercado apostará nesse novo instrumento. Ele será a gasolina que fará o carro do crédito imobiliário caminhar nos próximos meses”, conclui Ianelli, do Santander.
Fonte: DCI
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