A rentabilidade do aluguel em 12 meses, que em 2012 girava em torno de 27,5%, chegou em agosto deste ano em 1,8%. O motivo, para além da crise econômica, foi a exacerbada alta no estoque de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro durante o período que ficou conhecido como “boom imobiliário”.
Os dados, que fazem parte do Índice FipeZap Comercial, apontam uma queda de 0,51% no preço de venda de salas comerciais e 0,46% para locação em agosto. O indicador segue em uma tendência de queda entre as saletas com até 200 metros quadrados (m²). Para o consultor de investimentos e especialista em mercado imobiliário, Robson Cruz, o País experimentou, entre 2008 e 2014 crescimento desproporcional do mercado imobiliário, e isso resultou em uma forte injeção de capital no setor.
“As construtoras se mostrara muito animadas com as projeções e lançaram muito. Os preços acompanhavam o otimismo porque a economia caminhava bem”, explicou ele, dizendo que o período posterior foi de inversão da tendência de crescimento da economia e o resultado “a gente viu na economia.”
O Rio de Janeiro, que é o segundo maior mercado do Brasil para salas comerciais é um exemplo desta queda abrupta. “Em 2010, quando o Brasil ainda tinha muitas esperanças com o Pré-Sal, o Rio atraiu todo tipo de empresa que poderia oferecer serviços relacionados ao insumo, e hoje temos prédios enormes, com grandes espaços desocupados”, disse.
Exemplo desse movimento de evasão foi anunciado na última sexta-feira (21) quando a BR Properties S.A. anunciou aos acionistas que “recebeu notificação da sua locatária Petróleo Brasileiro S.A - PETROBRÁS, comunicando a intenção de desocupar, no segundo semestre de 2019, as unidades atualmente locadas no Edifício Ventura Corporate Towers”. O complexo de escritórios locados refere-se à Torre Leste, e o contrato de locação terminaria em dezembro de 2019.
Sem detalhes sobre um eventual pagamento de multa ou como se dará o distrato, os diretores da BR dizem aguardar mais informações sobre como o processo se dará e avisarão acionistas e o mercado.
Mesmo diante da saída de empresas de todos os portes – seja pela segurança, crise econômica ou outro problema – o Rio de Janeiro ainda é campeão em preços. Segundo o Índice FipeZap, em agosto, o m² para venda no Rio gira em torno de R$ 10,3 mil.
Diante dos altos preços e economia patinando, a vacância continua preocupante. Segundo um levantamento da Colliers, a estimativa é que 36% dos escritórios na capital fluminense estavam desocupados no primeiro semestre.
“Uma taxa de vacância ideal para mercado competitivo é de até 15%”, conta Cruz.
Outros mercados
Quando analisamos a média dos preços cobrados nas quatro cidades pesquisadas pela FipeZap (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre) a queda de 0,51% na passagem de julho para agosto colocou o custo médio do m² em R$ 9,53 mil (veja mais informações no gráfico).
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No caso do aluguel, o índice caiu a R$ 39,54 por metro quadrado, com desvalorização mensal mais acentuada em São Paulo (-0,63%) e Rio de Janeiro (-0,49%).
Na comparação anual, o indicador teve baixa nominal de 2,61% para venda e 2,73% para locação, sendo Porto Alegre a única cidade a registrar alta no preço médio do aluguel comercial (+1,45%). No ano até agosto, o índice FipeZap soma queda de 0,94% na venda e 2% na locação.
Em Belo Horizonte (MG), o preço médio do metro quadrado comercial ficou em R$ 7.525 para venda e R$ 30,16 para locação, enquanto em Porto Alegre (RS) os valores apurados foram R$ 7.647 e R$ 31,67, respectivamente.
Fonte: DCI
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