Com o mercado imobiliário cada vez mais frio em 2014, o preço médio anunciado dos imóveis, sobretudo dos usados, continua subindo, mas em ritmo bem mais lento que o dos últimos anos, ficando abaixo até da inflação.
Segundo o Índice FipeZap Ampliado, divulgado nesta quarta-feira (4) pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o preço médio do m² anunciado no Brasil desacelerou novamente em maio, pelo sexto mês consecutivo.
O índice, que acompanha o preço dos imóveis em 16 cidades, registrou aumento de 11,7% em comparação com o mesmo mês de 2013. Mas, no ano, a alta é de 2,98%, ficando abaixo da inflação acumulada de 2014 (3.32%), caracterizando queda real de preços.
A variação abaixo da inflação em 2014 ocorreu em 8 das 16 cidades analisadas, sendo que três delas tiveram queda nominal de preços: Belo Horizonte (1,95%), Brasília (-0,42%), Porto Alegre (-1,33%), Curitiba (-0,33%), Florianópolis (2,42%), Santo André (2,76%), São Bernardo do Campo (2,75%) e São Caetano do Sul (3,03%).
Segundo a Fipe, Santo André e São Bernardo do Campo tiveram queda nominal nos preços no mês passado, fato inédito desde que os preços no ABC passaram a ser monitorados pelo Índice FipeZap em 2012.
Já as cidades de Fortaleza e do Rio de Janeiro lideram com a maior alta dos preços (5,20% e 4,74%) no ano. Elas são acompanhadas por Vitória (4,23%), Niterói (3,90%), Vila Velha (3,82%), Recife (3,62%), São Paulo (3,59%) e Salvador (3,36%).
"Apesar de alguma volatilidade na inflação e no mercado no mês a mês, no acumulado do ano, os imóveis perdem para a inflação e a variação em 12 meses também aponta desaceleração", diz o coordenador FipeZap, Eduardo Zylberstajn.
— Isso tudo continua sendo um sinal de que vivemos um momento no mercado imobiliário bem diferente do que víamos até o ano passado.
Correção natural
Zylberstajn aponta que, depois do boom de preços dos últimos anos, o ajuste no mercado imobiliário era "natural de se esperar", motivado por fatores como demanda mais tímida, desaceleração no crescimento e até mesmo queda de confiança no mercado.
— Podemos especular muitos motivos, mas a questão é que a escalada de preços nos últimos anos não era algo comum. Era natural esperar que esse momento fosse acabar, e está ficando cada vez mais claro que ele já passou.
Em algumas cidades, explica ele, a queda de preços se deu por um aumento substancial na oferta, como em Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte.
— Em outras capitais, esse excesso de oferta não foi tão exacerbado, mas a demanda não teve a força que já teve, seja porque o mercado de trabalho teve queda no ritmo, seja porque a oferta de crédito não é mais a mesma vista até o ano passado.
No recorte de valores, o m² mais caro é o do Rio de Janeiro (R$ 10.609), acompanhado por Brasília (R$ 8.136), São Paulo (R$ 8.060) e Niterói (R$ 7.373).
Fonte: R7 Economia
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