SÃO PAULO – O Brasil vive um momento de grande expansão no mercado imobiliário e ainda possui muitas expectativas em relação a um crescimento ainda maior nos próximos anos, principalmente por conta do aumento do poder aquisitivo das classes de menor renda. Com isso, o investimento em imóveis é visto por muitos especialistas como uma boa opção e em alguns casos pode, inclusive, ser utilizado no curto, médio e longo prazo.
Para o diretor executivo da Consul Patrimonial, Marcus Vinícios de Oliveira Neto, o setor deve continuar se expandindo com força até o final da década, especialmente no Nordeste e no Rio de Janeiro. Assim, ele cita maneiras de investir no setor com objetivos de curto, médio e longo prazo.
Curto prazo
Para o curto prazo, o profissional aconselha a compra de imóveis adjudicados - aqueles cujo proprietário não conseguiu arcar com o financiamento e que foram à leilão, por preço inferior -, para reforma e a venda posterior. Segundo Oliveira Neto, uma mudança recente na lei fez com que imóveis com três meses de inadimplência possam ser tomados pelo banco que o financiou. “Advogados especializados conseguem liberar o imóvel em mais 2 meses, mesmo se este estiver ocupado. A Caixa Econômica Federal, após realização de leilão, passa esses imóveis adjudicados para imobiliárias credenciadas venderem com descontos que podem chegar a 70% do valor de mercado”, afirma.
Para o presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), João Crestana, normalmente, imóveis em geral não são indicados para investimento de curto prazo. "Via de regra, não aconselho comprar imóvel como investimento de curto prazo", diz. Em relação aos adjudicados, ele afirma: “Não considero muito que isso seja exatamente uma operação rotineira de mercado imobiliário. Eu acho que, para esta exceção, pode ser que o curto prazo se aplique”, afirma.
Custos altos
O vice-presidente do Ibef – SP (Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças de São Paulo), Luiz Roberto Calado, também acha que, no curto prazo, investir em imóveis pode não ser uma boa opção. “Você tem custos muito altos, com corretagem, despesas de cartório. Isso tudo pode chegar a 6% da operação”, afirma. Por isso, para o curto prazo, ele aconselha a compra apenas em casos de exceção, como uma grande oferta. "Mas, isso é muito difícil de acontecer”, aponta. No caso dos leilões, Calado ressalta que é preciso conhecer muito bem esse mercado para se dar bem. Quem compra um imóvel deste tipo precisa entender os trâmites burocráticos, fazer visitas no local. "Tem gente que acha que o metro quadrado está barato e nem conhece a região do imóvel”, diz.
Médio Prazo
No médio prazo, o diretor executivo da Consul Patrimonial cita uma nova oportunidade que surge com a explosão de vendas de unidades do Programa Minha Casa, Minha Vida e outros programas de moradia para baixa renda. “Torres de escritórios individuais para atender esses empreendimentos residenciais, com salas pequenas e que atendam essa demanda. Isso é uma aposta certeira”, aponta.
Neste caso, o presidente do Secovi-SP concorda. “Eu acredito que um país forte e com qualidade de vida precisa ter centros autossuficientes de vida, onde a sociedade possa morar, trabalhar, se divertir e se educar à distância de uma simples caminhada”, diz. Segundo ele, a cidade compacta, adensada, com moradias próximas de centros de serviços e escritórios é uma tendência mundial. “Você junta essa tendência com o fato de que o Brasil está construindo uma grande quantidade de residências para famílias de baixa renda, o resultado são oportunidades fantásticas de médio prazo para investidores de todos os tipos, para fazer não apenas salas, mas também grupos de lojas pequenas”, aponta.
Além disso, ele ressalta que já existem administradoras de fundos interessadas neste modelo. "Eu sei que algumas das grandes administradoras de fundos imobiliários no Brasil que tiveram estudando este tipo de alternativa sim e eu vejo isso como uma grande tendência”, diz Crestana.
Longo prazo
Segundo Oliveira Neto, da Consul Patrimonial, uma opção para investimento de longo prazo é a especulação com terrenos localizados nas fronteiras das grandes cidades. “Terrenos ou até fazendas bem localizadas próximas às capitais podiam ser adquiridos há um tempo pelo valor de R$ 1 o metro quadrado. Como cada vez mais fica difícil encontrar terrenos nos centros urbanos, a solução será continuar os empreendimentos onde as rodovias nos levar”, aponta.
Risco muito alto
Já para o presidente do Secovi-SP, este tipo de investimento é muito arriscado. “É um investimento de altíssimo risco e inútil, porque nunca se tem certeza de qual vai ser o próximo vetor de crescimento de uma cidade”, aponta.
Luiz Calado, do Ibef, também ressalta este tipo de dificuldade. “É preciso conhecer muito bem o mercado para comprar terrenos com esse objetivo. Precisa conhecer a dinâmica de crescimento das cidades, ter boas informações sobre o mercado”, diz Calado.
Fonte: InfoMoney
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